7.6.05

Para quem gosta da Língua (Portuguesa...)

Eu recebi por e-mail um texto anônimo como sendo uma redação feita por uma aluna do curso de Letras da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo a mensagem, era um texto que vencera um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. Eu, particularmente, achei o texto genial! Fiz pequenas modificações e agora o publico no blog para diversão de todos. Desculpe-me a autora (o autor?) do original por não citar seu nome, já que não tenho esta informação, e por modificar algumas partes. De todo modo, PARABÉNS! Seu texto é do “carvalho”...

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. Já o artigo era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, ao contrário dele, um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar. Só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema. Ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.

Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo... Todos os vocábulos diziam que aquilo iria terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram numa pontuação tão minúscula que nem uma vírgula passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ele sugeriu soletrar em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras. Já estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais. Ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Para aquilo não havia nem comparativo: era um superlativo absoluto. Ao final, cheios de preposições, locuções e exclamativas, artigo e substantivo concluíram que aquela fora muito mais que uma simples conjunção coordenativa conclusiva. Aquilo havia sido poesia pura...

Um comentário:

Anônimo disse...

ADOREI, REALMENTE ADOREI.